terça-feira, 27 de março de 2012

O bichinho Tamagotchi e o banheiro do INSS.




Essa semana lembrei do tamagotchi. Década de 90? 2000? Nem sei...só lembro que era uma obsessão.Tooooodo mundo tinha que ter esse animalzinho de estimação virtual, muito útil para exercer a nossa condição materna sem maiores preocupações. Eu nunca tive, ma slembro: as pessoas o alimentavam, colocavam-no pra dormir, davam-lhe banho, coisas bem loucas, porque tinha um lance dele reclamar da pouca atenção recebida. E, lógico, as pessoas ficavam na paranoia de não decepcionar o seu tamagotchi, carregando-o pra tudo qto era canto e, volta e meia, interrompendo as atividades para ver o que o bichinho "queria". É. Eu não tive tamagotchi mas, pra variar...srrs... conheço essa sensação do apego. Essa sensação de ser ligada a algo - que pode ser uma roupa, uma foto ou uma carta; a uma situação - um momento com os amigos, uma aula bem dada, aquele encontro especial, a tão falada "primeira vez"; ou ainda, a sensação de ser ligada a uma pessoa - alguém da família,um antigo ou atual namorado, um colega de trabalho, um professor. Em todas essas categorias caberia o adjetivo "marcante". Se passado um tempo, ainda há vínculo, é porque nos marcou de alguma maneira, né? Ok... e Cristóvaão Colombo descobriu a América e Pedro Álvares Cabral, o Brasil. Hoje estou cheia de obviedades. Cheia, no sentido de repleta, transbordando e cheia no sentido de "estar de saco cheio". Minhas não-novidades do dia dizem respeito exatamente a uns tamagotchis imaginários que não me faziam muito bem. Coloquei todos para passear. Aliás, para ser mais exata, dei um chute na bunda de cada um deles e disse: "Filho,vai cuidar de sua vida, porque a mamãe aqui já cansou de te criar, tá?". Bem..me senti o máximo ao fazer isso. Adulta até a última instância, mas..hj veio o luto. Porra. Juro que eu não contava com o luto pós-exclusão dos meus fantasminhas nada camaradas.Nunca tive um tamagotchi, nunca pari ninguém, não sabia que doia tanto largar o que se ama, ainda que esse amor lhe faça mal. Ainda que vc reconheça q tal situação é insustentável...dói, viu? E outra, passar pelo luto..é babado..risos. Babado por cima de babado!! Sabe o que é vc sentir um desejo enorme de estar com alguém e, ao mesmo tempo, um certeza enorme de que deve deixar esse alguém? (Eita, q hj sou msm a rainha do senso comum, perdoem-me, please!)Enfim, não estou falando de homem. Muito menos de mulher. Risos."A única palavra que me devora", Fagner..é aquela que o meu coração diz a respeito da minha profissão. Pô!! De novo? lá vem ela falr sobre "o ato de ser professora". Paciência, aê, gente, Este é um blog criaod por uma professora que está depressiva e..como eu vou dizer..com um certo medo da sala de aula. MEdo não seria a palvra correta. Estou enlutada. Embalei todas as minhas crenças e não coloquei na máquina de lavar, TOm Zé! Também não escondi embaixo do guarda-roupa. Escancarei tudo. Coloquei pra fora tudo o que me angustiava em relação à escola e (Acho) q, por isso, surtei um pouquinho. O caso é que a sensação do luto é muito interessante. Se, por um lado, lhe traz a presença devastadora da morte, por outro lado, lhe traz a leveza do desconhecido. É assim que estou me sentindo. Mortificada em vários aspectos. E, ao mesmo tempo, ouvindo novas vidinhas batendo em minhas janelas. Por enquanto, bem de leve, devo admitir. Quando estamso muito acostumados com uma situação antiga...suspiro..é difícil entender aquela situação d eum outro jeito ou, ainda, aceitar que ela não existe mais. Hoje, os milhões de tamagotchis abandonados por aí, além de quinquilharias sem nenhum valor, são símbolo. Testemunham algo que fomos, né? Um pedacinho da gente. tà. Ok. No caso de "ser professora"..um pedação! Risos. Eu senti bem isso na semana passada, quando fui ao INSS fazer a perícia médica.Eu tava bem. Primeiro eu preciso dizer isso. Apesar de todo terrorismo ("o povo é grosso", "eles são treinados para lhe desestabilizar", reze bastante, etc e tal), eu sabia que não estava ali forjando nada. Eu fui pedir afastamento médico porque realmente não me sinto em condições para estar em sala de aula. Isso tá muito bem resolvido em minha cabeça. Agora..uma coisa é uma coisa..outra coisa é outra coisa.Eu nunca pensei que fosse usar uma frase de faustão para explica rum sentimento meu, mas..sabe quando passa na cabeça o filme de sua vida? Risos. Passou, véi. Estava eu lá..esperando a médica me atender e dei de cara com essa imagem, aí.


Enfim.impossível não comentar! NO banheiro do INSS, a identificação do banheiro masculino é ...lacunada...O homem incompleto. O homem que perde um pouco de si- seja uma perna, seja um dente, seja um olho, seja o equilíbrio mental. O homem do INSS é o homem fragmentado. Em luto constante. Sabe o que ele faz todo dia? Arruma o quarto do filho que já morreu e..sim..chico..deixa eu te parafrasear pq eu te amo msms..ele fica no cais, esperando o barco q evita atracar. Assim eu me senti quando, em frente àquela médica fui rememorando o meu estado.Quando, em frente àquele moço no balcão, fui recebendo os papéis que murmuravam: "Constatação de incapacidade laborativa" . Eu lia, mas não via, sabe? Isso é o que eu sinto..porém...eu lembrei, droga. Lembrei de q dese q me entendo por gente ..sou professora!!!(Permitam-me, terceiro capítulo da novela "Obviedades ululantes"). Traduzindo...lembrei da minha formação acadêmica aé então..de minha militânci ano movimento estudantil...das questões raciais, q são minah segunda casa...do "pau" que eu dei pra conseguir fazer o mestrado indo toda semana para Salvador...de dias, meses e ano sde investimento financeiro, físico e emocional nesse negócio chamado educação...das muitas experiências e aprendizados ocorridos em sala de aula e/ou com os alunos...enfim..lembrei de como esta condição de professora -que hoje eu considero ter me adoecido e quero tratar como um tamagotchizinho que já me fez bem, mas que devo descartar - foi/é (eu canto em português errado, acho q o imperfeito não participa do passado..) essencial para o meu amadurecimento e para a minha constituição enquanto gente. É certo que qualquer profissão me proporcionaria amadurecimento, contudo...também é certo que sou mais gente porque tenho/tive a oportunidade d econviver com muitas pessoas e situações raras. A singularidade de tantos é o qeu foi costurando a minha singularida..sem dúvida. Sessão nostalgia, hein? FM, meai-noite, aquela voz do locutor q se esforça em fazer o tipo româmtico, repertório internacional...ò!"pópará!" Suspiro. Eu estou optando por isso. Por enquanto eu quero viver esse luto, me desapegar dessas coisas, mas...a cada dia me convenço: preciso fazer isso sem sofrimento...sem choro nem renger de dentes! Risos.Sendo assim, evoco Manuel Bandeira: EU NÃO QUERO MAIS SABER DO LUTO QUE NÃO SEJA LIBERTAÇÃO.Tenho dito.

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