segunda-feira, 12 de março de 2012

Sobre teias de aranha, peixes no mar e sala de aula.





Dia de faxina é sempre aquela coisa linda. Dia de limpeza, de botar tudo o que não presta pro espaço. Passei o final de semana tooodinho nessa vibe. Foi ótimo. Primeira grande faxina do ano. Oportunidade ímpar de arrumar, organizar, catalogar..as coisas da alma.Sim, pq digam o que disserem as feministas, não existe melhor momento para um auto-exílio (renato russo, i love you!) do que uma boa lavada de banheiro ou "varrição" de casa. Pois ontem eu estava nessa, pensando nos meus processos mentais, emocionais, corporais, sexuais, financeiros etc e tal, quando vejo essa cena aí de cima:poxa! Eu tinha deixado juntar teia de aranha na planta!!!! Que sacrilégio! Onde já se viu isso? É o cúmulo do abandono, né? Lóóógico q fiquei pensando na porrada de coisa dentro de mim q eu estava deixando abandonada, entregue às aranhas(Ok, sempre acho q esses textos tem um "q" de auto-ajuda, mas é inevitável). Lembrei de desejos adormecidos (aprender a dançar, aprender a nadar, aprender francês) e de telegramas nunca enviados, nem para Aracaju, muito menos para Alabama. Lembrei de me sentir mulher, para além da cabeça, tronco e membros. Ou melhor: lembrei das entranhas dessa cabeça, tronco e membros. Horrível imaginar tudo isso com teia de aranha, sabe? É assim que tava/tô me sentindo...Sem saber de pulso que pulsa ou de riso no coração. é. É assim mesmo. As coisas sem sentido, pererê, caixa de fósforo. Tristeza que vem lá do raio q o parta e se instala, bem felizinha dentro de mim.
Enfim..mais do que depressa, tirei as teias de aranha da plantinha e..bingo!!!..lembrei da visita a Porto de Galinhas.Poxa!! Que coisa absolutamente linda é a possibilidade de mergulhar e ver os peixinhos todos fofinhos te dizendo "vc não me pegaaa!!"". Nossa, surtei por completo com aquela água cristalina que me permitiu enxergar peixes sem aranhas e sem teias, beeeem libertos, bem ousados, cientes de uma admiração coletiva em torno deles, mas, nem por isso, metidos a nada. Aqueles peixes de Porto de Galinhas q eu conheci tem um aprofunda consciência de si. Eles vem, alimentam-se e saem... t-r-a-n-q-u-i-l-o-s. Essa me pareceu uma boa metáfora da vida, especialmente das relações amorosas e profissionais. Cazuza é lindo, mas ser sempre "exagerada, jogada aos seus pés" não faz bem a ninguém. Nem no namoro, casamento ou ficada. Nem no trabalho, emprego ou ocupação. Aqueles peixes é que são sábios. Põem limites no envolvimento. É como se dissessem:olha, eu te faço feliz, mas se tu me pega, sofremos eu e tu. Hum...Isso de ser responsável por quem cativas é bem pequeno príncipe, mas como não sou nenhuma candidata a miss tentando provar minha suposta intelectualidade, tenho todo o direito de ser piegas nas citações literárias, né?
E..e por falar piequice e breguice...Vinícius: "E por falar em saudade, por onde anda você?" Ok,ODEIO admitir isso, mas estou sentindo uma falta do caralho da sala de aula, dos meus alunos, das situações de aprendizagem, de sonhar e ver a porra do olho do menino brilhando qunado entendeu algo novo. Sim, a novidade vem da praia, com cheiro e rabo de sereia, hipnotizando a todo mundo...Eu estou fazendo um esforço enorme, uma verdadeira catequese para me desapaixonar da condição de professora e me convencer que não presto para isso, mas, mas, mas...eu gosto da novidade. Eu gosto do novo que a escola me oportuniza, mesmo mergulhada na sujeira desse sistema pobre de recursos e intenções.É isso. A maresia me chama. O canto da sereia. Mas, ó, por hora, tô resistindo..eu preciso de um tempo para descansar, achar as teias, jogá-las todas fora, ver novos peixinhos para só depois bater um papo com essa sereia da educação. Suspiro..na outra encarnação, vou negociar com Deus, eu quero vir é de flor ou gato, que ser gente dá trabalho demais...

Um comentário:

  1. Sala de aula, ser professor... Eis um grande dilema; É este o lugar onde me sinto completo, mas onde me ponho a prova a todo instante; Dias em que me sinto vitorioso, e que por vezes vem uma sensação que é preciso recomeçar e dar início a uma nova batalha; Mas parece que o conhecimento é sedutor, a sede pelo saber, por fazê-lo chegar onde deve, nos vicia... E sabe o que é mais interessante? É perceber que trata-se de uma auto-batalha; Somos nós os maiores responsáveis por enxergar o mundo através de uma nova "ótica" e torná-lo menos doloroso; E quando chegamos nesses momentos de reflexão é que percebemos que não é possível vencer sozinho; Procurar ajuda é o primeiro passo; Por dar o pontapé inicial, já trata-se de uma vitoriosa; Bjos querida... tÔ virando leitor assíduo, rs! (Perceber que existem pessoas travando batalhas tão duras quanto as suas, é motivo suficiente para não desistir).

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